Assembleia Municipal
Sei que o meu amigo e líder de bancada do PSD na Assembleia Municipal, Armando Fernandes, por outros afazeres igualmente relevantes, não esteve presente.
Sei agora que fomos os ausentes mais presentes da reunião.
Pela parte que me diz respeito, agradeço toda a amabilidade, atenção e carinho com que me brindaram.
Ficámos todos a saber, pela exibição de prints deste blog que tenho, pelo menos, um assíduo leitor: Nelson de Carvalho. Muito obrigado pela sua preferência.
Não escrevo, contudo, a pensar no Dr. Nelson de Carvalho. Quando escrevo, penso em algo positivo.
Quanto ao que foi dito na Assembleia Municipal pelo PS e por um suposto independente, cujo nome não me recordo. Fiquem todos tranquilos. Não há o menor sinal de divergência ou contradição entre os dirigentes do PSD de Abrantes. Não estamos a pensar abandonar as nossas funções a pedido de forças externas. Nada é eterno, mas ainda é cedo para nos verem partir.
Creio que conseguimos, com muito esforço, conquistar o nosso espaço e sabemos que estamos perto de conseguir um feito notável para o PSD de Abrantes e para o bem do concelho.
Estou pessoalmente convencido que os eleitores sabem separar eleições legislativas de autárquicas e a indefinição do PS de Abrantes quanto ao cenário autárquico leva-os a pedir instabilidade também no PSD.
Não terão essa sorte e estamos, naturalmente, confiantes do resultado que poderemos vir a obter. Claro que os nossos adversários tudo farão para tentar impedir que isso aconteça. Seremos humildes mas firmes.
Esperamos de tudo, nas próximas eleições autárquicas. Espero pessoalmente, sobretudo, combate leal, pela força das ideias e dos argumentos. Creio que, se houve uma lição que os portugueses deram nas últimas eleições legislativas que ocorreram na passada semana, essa teve a ver com a recusa a entrar em campanhas de ataques pessoais, intrigas e ofensas.
Da minha parte, não o farei.
Contra factos não há argumentos.
Claro que gosto e gostamos todos de Abrantes. Muito. Demais mesmo para a vermos continuar a afundar-se sem que nada seja feito para salvar a vida de centenas de pessoas e de postos de trabalho do chamado “cabeço”. Sabemos que todo o concelho reclama apoios e precisa igualmente de desenvolver-se mas não é negligenciável a importância estratégica que o comércio e os serviços têm de ter para a afirmação competitiva dos centros históricos, para a sua revitalização, para a sua promoção turística e cultural, para a perpetuação no futuro da memória histórica e do legado cultural que herdamos de séculos de antepassados neste território.
Um Centro Histórico não é importante apenas pela vitalidade do seu comércio e dos seus serviços. A degenerescência e decadência do mesmo implica, a prazo, o seu esvaziamento, erosão demográfica, edifícios degradados, ruínas, abandono, caos.
É isso que queremos evitar.
Precisamos de mais estacionamento e, em larga medida, estacionamento gratuito. Que coexista com estacionamento pago, que garanta rotação de lugares para quem entra e sai da cidade.
Mas, sobretudo, precisamos de trazer mais comércio e mais serviços para a cidade e evitar a sangria dos que se anunciam para breve: os serviços municipalizados, o arquivo municipal, a PSP, poderão e deverão seguir o exemplo do Centro de Emprego e da Segurança Social, a julgar pelas opções da maioria socialista.
Se os trabalhadores deste conjunto de serviços deixam de deslocar-se ao Centro Histórico e os utentes seguem o mesmo caminho, quem fica para usar os cafés e restaurantes, comprar sapatos, roupa, livros, discos, perfumes, relógios, jóias, electrodomésticos e por aí fora? Quando os trabalhadores e os utentes dos serviços públicos perdem o hábito de usar o centro histórico, quem fica? E como fazê-los regressar?
Estou em crer que é necessário apostar forte no marketing, na promoção, fazendo campanhas de fidelização, apostando na contínua melhoria dos estabelecimentos. É certo que sim mas, no estado em que o comércio se encontra já, quem possui saúde financeira para continuar a investir? E para quem? Com que garantias de retorno de negócio? E que solidariedade activa sentem os comerciantes existir proveniente dos poderes políticos de proximidade?
É muito bonito pedir aos comerciantes que invistam. Porém, quem sempre geriu dinheiro público não tem noção das dificuldades que os privados sentem e sofrem, sobretudo em momentos de crise prolongada, como é a presente. Quem nunca deu o aval a uma letra ou a uma livrança, não sentiu o efeito das noites mal dormidas pelo peso das responsabilidades assumidas.
É nessas alturas, particularmente adversas e de angústia inquietante, que os poderes públicos e privados se devem unir mais, modo a darem respostas e saídas para a crise.
Falo com conhecimento de causa.
O que é feito do projecto da Tapada da Fontinha? Porque razão não foi feito? Para onde é que a Câmara dirigiu o seu esforço de investimento? Porque motivo se investe num campo de basebol e não se podem criar mais lugares de estacionamento no centro da cidade, gratuitos, como sucede nas médias superfícies, cada vez em maior número no concelho? Porque motivo se quer investir mais num Aquapolis sempre deserto e onde se gastarão mais de 20 milhões de euros no final e não há investimento em projectos economicamente úteis, reprodutivos, geradores de mais riqueza e mais emprego?
Porque razão os investimentos têm sido canalizados, na sua maioria esmagadora, para equipamentos que apenas geram mais despesa e mais encargos de exploração corrente na conta de custos da autarquia?
Em que medida a opção pela construção de equipamentos grandes e absorventes de dinheiro público virá asfixiar a possibilidade de investirmos, nos próximos 12 anos, noutras áreas de actividade e em sectores mais produtivos, designadamente através de uma acrescida industrialização, do investimento em projectos tecnológicos, nas energias e no ambiente, na cultura e no turismo, tudo feito com potencial de negócio que garanta a todos mais qualidade de vida?
Porque motivo se faz um açude insuflável e não se cria um grande projecto de urbanismo comercial na cidade, com espaços lúdicos, culturais, fomentadores de públicos e dinamizadores da economia, do turismo e das indústrias culturais?
O Centro Histórico é uma parte do concelho e da cidade mas não pode ser apenas um projecto de embelezamento de ruas, praças e demais espaços públicos. Isso é importante, mas é pouco.
O nosso projecto - o projecto que irei subscrever - vai ser inovador, dentro destas linhas que balizei.
Já sei que vamos ser copiados nalgumas ideias e que a nossa inspiração levará outros a quererem assumir a paternidade das ideias.
É assim a vida. Mas eu já me vou habituando a que nos acusem de não gostarmos de Abrantes apenas porque a estratégia tem sido a do lobo (o PSD) e do cordeiro (o PS).
Pelo que acima ficou expresso, negar este modelo do PS, querer outro caminho, não é querer menos bem ao nosso concelho. Bem pelo contrário.
É aceitar fazê-lo e agir segundo a agenda do Desenvolvimento Sustentável.