Pedro Marques

sábado, fevereiro 26, 2005

Assembleia Municipal

Ontem à noite realizou-se mais uma sessão da Assembleia Municipal de Abrantes. Por motivos que alguns já conhecem – frequência de mestrado na Universidade da Beira Interior, que me ocupa de momento as tardes de Sexta-feira e as manhãs de Sábado – não tive oportunidade de estar presente. Com pena, mas é apenas transitório e estou a investir na minha formação pessoal.
Sei que o meu amigo e líder de bancada do PSD na Assembleia Municipal, Armando Fernandes, por outros afazeres igualmente relevantes, não esteve presente.
Sei agora que fomos os ausentes mais presentes da reunião.
Pela parte que me diz respeito, agradeço toda a amabilidade, atenção e carinho com que me brindaram.
Ficámos todos a saber, pela exibição de prints deste blog que tenho, pelo menos, um assíduo leitor: Nelson de Carvalho. Muito obrigado pela sua preferência.
Não escrevo, contudo, a pensar no Dr. Nelson de Carvalho. Quando escrevo, penso em algo positivo.
Faço-o porque acredito num futuro melhor, mais risonho, mais próspero para a população do concelho de Abrantes, terra que amo, onde nasceram os meus avós e os avós destes e onde nasceram, também os meus filhos.
Existe ainda a agradável sensação que experimento ao compreender que a habitual “fala das gavetas” pode ser partilhada com o mundo, independentemente da qualidade do escrito ou da concordância ou discordância com o pensamento de quem escreve.
Tudo isso são motivos muito mais saudáveis e de longe mais importantes do que estar a preocupar-me com um leitor em particular, ainda para mais alguém que o faz tentando aproveitar o que encontra escrito a seu favor político, mas num modo ligeiro e sem propósito, fazendo "copy and paste" das partes que mais lhe convém.
Quanto ao que foi dito na Assembleia Municipal pelo PS e por um suposto independente, cujo nome não me recordo. Fiquem todos tranquilos. Não há o menor sinal de divergência ou contradição entre os dirigentes do PSD de Abrantes. Não estamos a pensar abandonar as nossas funções a pedido de forças externas. Nada é eterno, mas ainda é cedo para nos verem partir.
De resto, acho uma ingerência partidária um dos rostos mais proeminentes do PS de Abrantes, autor material de bom e do mau que foi feito em Abrantes, autarca com 12 anos de poder seguido, vir dar palpites sobre a vida interna do PSD. Foi um acto singular, pioneiro, que revela em acção aquilo que em teoria costuma ser negado. As acções ficam com quem as pratica.
* * *
As preocupações do PS e as atenções e mimos com que nos brindaram ontem à noite são o melhor sinal que podemos colher do seu estado de preocupação. O PSD é, hoje, uma força opositora considerada, forte e consistente, sobretudo pela população, que é quem importa, de facto. Não nos importamos que o PS tente contrariar o que nós construímos. Estão a cumprir a sua missão. O que nos importa é o que pensam as pessoas acerca daquilo que nós fazemos, pensamos e dizemos.
Creio que conseguimos, com muito esforço, conquistar o nosso espaço e sabemos que estamos perto de conseguir um feito notável para o PSD de Abrantes e para o bem do concelho.
Estou pessoalmente convencido que os eleitores sabem separar eleições legislativas de autárquicas e a indefinição do PS de Abrantes quanto ao cenário autárquico leva-os a pedir instabilidade também no PSD.
Não terão essa sorte e estamos, naturalmente, confiantes do resultado que poderemos vir a obter. Claro que os nossos adversários tudo farão para tentar impedir que isso aconteça. Seremos humildes mas firmes.
Esperamos de tudo, nas próximas eleições autárquicas. Espero pessoalmente, sobretudo, combate leal, pela força das ideias e dos argumentos. Creio que, se houve uma lição que os portugueses deram nas últimas eleições legislativas que ocorreram na passada semana, essa teve a ver com a recusa a entrar em campanhas de ataques pessoais, intrigas e ofensas.
Da minha parte, não o farei.
* * *
Sei ainda que o “Questionário” (não foi sondagem!) feito a cerca de quatro dezenas de estabelecimentos de comércio do Centro Histórico de Abrantes provocou alguma irritação aos eleitos do PS. Não foi uma sondagem, não houve extrapolação de dados para o universo por qualquer processo de inferência estatística, não houve aplicação das regras científicas das sondagens. Foi um questionário simples feito aos comerciantes, que vale pelas respostas e pelas mensagens tristes e desanimadoras que os comerciantes nos deram e pala sensação de que a culpa maior é da Câmara Municipal gerida pelo PS. É, pelo menos, essa a noção que os comerciantes têm e a pergunta era bastante aberta a outras respostas. Havia outras opções, como o Governo e houve quem o enunciasse mas a larga maioria dos comerciantes culpa Nelson Carvalho e seus pares, pelas medidas que tomaram e que conduziram à realidade que se vive no Centro Histórico. O maior cego é aquele que não quer ver, que faz como a avestruz e simula que tudo está bem. Não está nada bem. Pelo contrário.
Contra factos não há argumentos.
Claro que gosto e gostamos todos de Abrantes. Muito. Demais mesmo para a vermos continuar a afundar-se sem que nada seja feito para salvar a vida de centenas de pessoas e de postos de trabalho do chamado “cabeço”. Sabemos que todo o concelho reclama apoios e precisa igualmente de desenvolver-se mas não é negligenciável a importância estratégica que o comércio e os serviços têm de ter para a afirmação competitiva dos centros históricos, para a sua revitalização, para a sua promoção turística e cultural, para a perpetuação no futuro da memória histórica e do legado cultural que herdamos de séculos de antepassados neste território.
Um Centro Histórico não é importante apenas pela vitalidade do seu comércio e dos seus serviços. A degenerescência e decadência do mesmo implica, a prazo, o seu esvaziamento, erosão demográfica, edifícios degradados, ruínas, abandono, caos.
É isso que queremos evitar.
Precisamos de mais estacionamento e, em larga medida, estacionamento gratuito. Que coexista com estacionamento pago, que garanta rotação de lugares para quem entra e sai da cidade.
Mas, sobretudo, precisamos de trazer mais comércio e mais serviços para a cidade e evitar a sangria dos que se anunciam para breve: os serviços municipalizados, o arquivo municipal, a PSP, poderão e deverão seguir o exemplo do Centro de Emprego e da Segurança Social, a julgar pelas opções da maioria socialista.
Se os trabalhadores deste conjunto de serviços deixam de deslocar-se ao Centro Histórico e os utentes seguem o mesmo caminho, quem fica para usar os cafés e restaurantes, comprar sapatos, roupa, livros, discos, perfumes, relógios, jóias, electrodomésticos e por aí fora? Quando os trabalhadores e os utentes dos serviços públicos perdem o hábito de usar o centro histórico, quem fica? E como fazê-los regressar?
Estou em crer que é necessário apostar forte no marketing, na promoção, fazendo campanhas de fidelização, apostando na contínua melhoria dos estabelecimentos. É certo que sim mas, no estado em que o comércio se encontra já, quem possui saúde financeira para continuar a investir? E para quem? Com que garantias de retorno de negócio? E que solidariedade activa sentem os comerciantes existir proveniente dos poderes políticos de proximidade?
É muito bonito pedir aos comerciantes que invistam. Porém, quem sempre geriu dinheiro público não tem noção das dificuldades que os privados sentem e sofrem, sobretudo em momentos de crise prolongada, como é a presente. Quem nunca deu o aval a uma letra ou a uma livrança, não sentiu o efeito das noites mal dormidas pelo peso das responsabilidades assumidas.
É nessas alturas, particularmente adversas e de angústia inquietante, que os poderes públicos e privados se devem unir mais, modo a darem respostas e saídas para a crise.
Falo com conhecimento de causa.
O que é feito do projecto da Tapada da Fontinha? Porque razão não foi feito? Para onde é que a Câmara dirigiu o seu esforço de investimento? Porque motivo se investe num campo de basebol e não se podem criar mais lugares de estacionamento no centro da cidade, gratuitos, como sucede nas médias superfícies, cada vez em maior número no concelho? Porque motivo se quer investir mais num Aquapolis sempre deserto e onde se gastarão mais de 20 milhões de euros no final e não há investimento em projectos economicamente úteis, reprodutivos, geradores de mais riqueza e mais emprego?
Porque razão os investimentos têm sido canalizados, na sua maioria esmagadora, para equipamentos que apenas geram mais despesa e mais encargos de exploração corrente na conta de custos da autarquia?
Dizer isto não é uma deriva populista; é colocar o dedo na ferida, tratá-la para, a seguir, levantarmos a cabeça e encontrarmos saídas para a crise na exacta dimensão das responsabilidades municipais e seguir fazendo, melhorando, agindo proactivamente com determinação e arrojo.
Em que medida a opção pela construção de equipamentos grandes e absorventes de dinheiro público virá asfixiar a possibilidade de investirmos, nos próximos 12 anos, noutras áreas de actividade e em sectores mais produtivos, designadamente através de uma acrescida industrialização, do investimento em projectos tecnológicos, nas energias e no ambiente, na cultura e no turismo, tudo feito com potencial de negócio que garanta a todos mais qualidade de vida?
Porque motivo se faz um açude insuflável e não se cria um grande projecto de urbanismo comercial na cidade, com espaços lúdicos, culturais, fomentadores de públicos e dinamizadores da economia, do turismo e das indústrias culturais?
Porque razão não há novos espaços comerciais, com vocação social e cultural integradas, onde poderão coexistir lojas comerciais âncora, fruição, formação e execução de actividade cultural, interligação destas com a investigação, a ciência e o conhecimento e beneficiarmos da riqueza dos patrimónios naturais (rios e demais elementos da generosa natureza)?
Porque razão as políticas municipais não fomentam que todos possam usufruir dos equipamentos? Porque razão a inclusão é apenas uma palavra de dicionário?
O Centro Histórico é uma parte do concelho e da cidade mas não pode ser apenas um projecto de embelezamento de ruas, praças e demais espaços públicos. Isso é importante, mas é pouco.
O nosso projecto - o projecto que irei subscrever - vai ser inovador, dentro destas linhas que balizei.
Já sei que vamos ser copiados nalgumas ideias e que a nossa inspiração levará outros a quererem assumir a paternidade das ideias.
É assim a vida. Mas eu já me vou habituando a que nos acusem de não gostarmos de Abrantes apenas porque a estratégia tem sido a do lobo (o PSD) e do cordeiro (o PS).
Todos sabem que esta atitude e este discurso é ridículo e patético. Insistir nele é, a meu ver, um erro.
Pelo que acima ficou expresso, negar este modelo do PS, querer outro caminho, não é querer menos bem ao nosso concelho. Bem pelo contrário.
É aceitar fazê-lo e agir segundo a agenda do Desenvolvimento Sustentável.
* * *
NOTA: Por anomalia técnica, este post não foi integralmente colocado no Sábado. Domingo e Segunda-Feira não consegui passar do DashBoard. Só ontem ao final da tarde consegui. Estou a colocar a versão que escrevi no Sábado e revi no Domingo na terça-feira. Peço desculpas pelo sucedido aos meus leitores.

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Coragem PSD!

Os tempos que aí vêm no PSD exigem coragem, determinação e clarividência.
Vai ser necessário arrumar a casa, colar os cacos, mandar para o lixo o que se considerar irrecuperável e olhar em frente.
O PSD tem de, rapidamente, procurar vias seguras para se reconciliar com os portugueses.
Volto a insistir num ponto. Por melhor que seja o candidato a líder e o líder que aí vier, por mais condições que tenha para, pela sua própria capacidade, conseguir construir mensagens em torno de causas e ideais, por melhor orador que seja e mais mediática imagem que lhe consigam criar, não vamos a lado nenhum se, a seu lado, continuarem os senhores do costume.
Há novos quadros no PSD, com grande qualidade, uns mais velhos do que a minha geração, outros mais novos, outros ainda dentro da minha geração.
É tempo de renovar, refrescar, fazer o corte evidente com a corte. Diria mesmo que o PSD precisa de viver um "golpe de Estado" interno. Precisa de regressar à matriz dos valores, de rever o seu Programa, de se recentrar no espectro político-ideológico.
Renovar e refrescar não significa transportar a JSD para dentro do PSD. Não! A JSD não é um poço de virtudes. Forma talentos, é certo, mas também está eivada de vícios e truques que foram lá deixados por alguns dos actuais cortesãos seniores do PSD. Mas tem virtuosidades, tem generosidade, tem sonho e utopia, tem ideais puros os seus militantes são geralmente altruístas, empreendedores, dedicados e facilmente manipuláveis. Esse é um ponto negativo.
Por isso, o futuro do PSD passa por novos dirigentes e novos quadros, os quais não têm, forçosamente, de ser novos em idade. Tem de existir equilíbrio, coexistência, vontade de somar e multiplicar, ao invés de subtrair e dividir.
Mas de uma coisa tenho a certeza: é preciso ter coragem e determinação para rompermos com o passado. E de tudo fazermos para evitar que ao lado do novo Rei, seja ele qual for, surjam os cortesãos de sempre. E, atrás deles, os maus hábitos de sempre.
Estou a arriscar muito. Já sei que virão aí represálias.
Não tenho medo!

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Assim, não! Directas, já!

Vejo a televisão, oiço as notícias na rádio, leio os jornais.
A corte está a mudar de Rei! A corte já escolheu o Rei.
Aquilo que eu não queria, está a acontecer. Infelizmente.
Acho bom que homens como o Dr. Marques Mendes ou o Dr. Luís Filipe Menzes se candidatem, mas fico desconfiado quando vejo que as primeiras pessoas a seu lado são...
...os do costume.
Livra! Não há quem tenha força para mudar mesmo tudo?
Uma cara nova aqui, uma pessoa descomprometida ali, mas a maioria são os que por ali andam há décadas. Como é que é possível?
Acho que a única forma de mudar tudo é, de facto, partirmos para eleições directas. Concordo com a metodologia proposta pela distrital do Porto. Pode ser que, se a metodologia vingar, sugjam mais candidatos, outsiders, com perfil menos descomprometido com o passado e com os vícios da estrutura. Pode ser...
Faço parte de uma geração que não se deve resignar a ter de escolher sempre "entre os do costume". A minha geração, que está hoje algures entre os 30 e os 40 anos de idade, com algumas pessoas ainda próximas de nós na casa dos 40 e 50 anos de idade, com as quais nos identificamos, não deve aceitar este processo de mudança inquinado à partida, porque são basicamente os mesmos interesses e os mesmos movimentos que estão já a aglutinar-se em torno das candidaturas, particularmente a do Dr. Marques Mendes, por sinal uma pessoa que muito admiro e por quem nutro especial simpatia. É um homem bom, esclarecido, competente, capaz, frontal.
Contudo, a minha geração será co-responsável se permitir que o próximo Congresso se venha a transformar na entronização de mais um líder, previamente anunciado, a quem estendem a passadeira vermelha apenas com o pensamento na manutenção das mordomias de Estado a que alguns se habituaram, como se estar na política se pudesse confundir com qualquer outra carreira profissional, com vínculo ao quadro permanente de pessoal e tudo.
Não pode ser.
Mas, que diabo?, no PSD não há quem seja capaz de fazer o seu percurso de modo individualizado, aglutinando, de facto, novos nomes, novos perfis, novas pessoas, com curriculum, com carreira, com experiência concreta de vida? Alguns dos que se posicionaram rapidamente, de modo até atabalhoado, ao lado de Marques Mendes ontem, têm tudo isso mas confesso que fiquei confuso com o "aggiornamento" que ontem aconteceu num hotel de Lisboa. Deixou-me desconfiado, é só isso.
Por exemplo, como é que podem ter feito parte integrante de um projecto comum com o CDS-PP até há 5 dias (dias, atenção, não são meses ou anos), e agora aplaudirem o rompimento de todos os acordos com o mesmo partido? Na vida não pode haver "espinha bífida". Recordo-me de termos sido poucos os entusiastas da intervenção de Marques Mendes em Congresso. Alguns dos que ontem ali estavam e dos que estarão hoje com Luís Filipe Menezes, estavam no último Congresso mais preocupados em defender os seus interesses pessoais, na altura coporizados por Pedro Santana Lopes e não enjeitaram criticar Marques Mendes pela sua frontalidade.
Vou parar de escrever. Começo a ficar enjoado, à medida que reflicto sobre as pessoas, em geral. Tenho de parar por aqui agora, sob pena de vomitar para cima do teclado.
Não quero nada mais que não seja um PSD forte. E entendo que o PSD não pode ser forte sem uma ruptura face ao passado. Repito mais uma vez: mudar de líder, afastar a corte, uma nova atitude.
Assim, como parece que as coisas se estão a movimentar, não!
Venham de lá as directas e conversaremos...

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Reflexão ao final da tarde

Acabo de saber que o líder do meu partido vai abandonar a liderança.
Teve bom senso e a atitude, embora um pouco tardia (respeita-se o prazo de reflexão mas poderia ter decidido logo na altura das eleições) fica-lhe bem.
De imediato, alguns se começaram a colocar em bicos de pés repetindo de si para si: "Chegou a minha vez! Chegou a minha vez!".
E alguns dos do costume - os cortesãos - não deixarão de começar a enviar mensagens para as diversas tendências que se irão agora formar.
Calma! Fiquemos serenos e concentrados no que tem de ser feito.
Espero que haja coragem para mudar de líder e mudar de equipa. Mudar de Rei e mudar de Corte, como ontem já disse.
Não podemos errar. O país é muito mais importante e está todo a olhar para o interior do PSD. Há coisas para dizer? Sim, e vamos dizê-las frontalmente.
Há coisas para mudar?Sim, e vamos listá-las com serenidade mas sem perder tempo, de modo a agirmos rapidamente.
Vamos divergir? Claro, mas isso é essencial em democracia e na vida dos partidos.
Coisa diferente é ficarmos já a pensar no comboio que há-de passar em frente do nosso apiadeiro e tentarmos entrar à força ou de modo intempestivo.
Ajudar a reflectir e a mudar, contribuir para um "novo PSD" já é suficiente. Cada coisa a seu tempo.
* * *
Quando uma organização é atingida por um cataclisma, temos que analisar o estrago feito nos alicerces do edifício. Logo de seguida, é tempo de ver se há feridos e situações ainda mais graves. Chamamos os bombeiros para apagar fogos, a ambulância para evacuar os feridos, o gabinete médico-legal para atestar os óbitos.
Lamentamos sempre os mortos, encomendamos a sua alma e pedimos para que os feridos recuperem. Mas temos de "tocar a vida pr'á frente".
Começamos a pensar no modo de reconstruir o que se perdeu, o que ficou destruído e que pode ter demorado anos a construir. Fazemos um inventário do que temos e do que se perdeu. E planeamos, passando à acção.
Na listagem do que ficou e do que tínhamos, temos de fazer o inventário do bens a abater ao imobilizado. Alguns bens poderão ser reavaliados e reintegrados no património. Outros são para vender ou mesmo oferecer ao sucateiro, porque perderam o seu valor.
É assim. É a vida. Com ou sem ressentimento, com ou sem compaixão. De pouco valem esses sentimentos na hora da verdade. Faz parte da natureza do ser humano.
* * *
A vida é ingrata. Os homens e as mulheres são ingratos. Nessas horas de acudir, em aflição, ao socorro pós-cataclismo, não conseguimos, tantas vezes, discernir bem.
Impõe-se lucidez.
Falta lucidez.
Avaliamos os estragos por alto, toldados por deficiência de visão ou por preconceito que provoca enviesamento nas leituras. O povo diz que, às vezes, "paga o justo pelo pecador".
Se assim é - e é, de facto - procuro fazer um esforço, o meu esforço de boa análise. Temo bem não ser capaz porque admito que estou formatado para desconfiar daqueles que não me quiseram todo o bem que eu achava que merecia. Não sei se merecia mas o meu sentimento interior diz-me que não fui sempre bem tratado e, desse modo, tendo a reagir com base em informação armazenada no histórico da minha memória. Ao longo de quase duas décadas, fui coleccionando episódios e situações vividas em que senti que me quiseram diminuir.
Sem querer, posso estar a ser igualmente ingrato e injusto. Mesmo que queira não o ser.
* * *
Do que vai restar, temo que a história julgue por igual todos os intervenientes no processo que conduziu à derrota de 20 de Fevereiro. A história tem de ser cuidadosamente escrita para que seja fielmente lida por aqueles que nos hão-de suceder.
Acredito que Pedro Santana Lopes fez tudo o que esteve ao seu alcance, como lutador que é, para que o PSD tivesse o melhor resultado possível. Cometeu erros, é certo e o Dr. Jorge Sampaio ajudou a enfatizar esses erros. E recebeu uma pesada herança do passado, pois o resultado das europeias não é (de)mérito seu. Era outro o primeiro-ministro, que não resistiu à sedução da Europa.
Mas creio que, sobretudo, apesar das qualidades e dos defeitos que tem, como qualquer ser humano, o Dr. Santana Lopes esteve mal rodeado e no seu núcleo duro faltou consistência política e capacidade de execução, com proactividade, talento, assertividade e capacidade de ir ao encontro da resolução dos problemas e das expectativas das pessoas. Houve demasiadas hesitações, alguns recuos, contradições, desautorizações, posições ziguezagueantes, etc.
Não conseguiu resistir a ser envolvido pelos cortesãos de sempre.
Muitos anos na vida pública não são sinónimo imediato de infalibilidade e de máxima habilidade para gerir os assuntos da agenda política.
* * *
Contudo, quero, aqui, ressalvar um homem grande, que me surpreendeu pela sua atitude ao longo de todo o tempo de governo PSD, entre 2002 e 2005. Um homem combativo, frontal, que saiu derrotado e soube logo assumir as suas responsabilidades. Houve, porventura, mais bons homens e mulheres que serviram Portugal e o PSD nos últimos três anos mas, para mim, este foi o que melhor desempenho teve.
A sua atitude, sempre coerente, sempre consistente, o seu modo de ser e de estar, a sua capacidade política e a consistência e firmeza das suas convicções foram, para mim, em primeiro lugar uma surpresa porque não o conhecia bem antes de 2002, mas também uma lição.
Dentro do governo nunca se deslumbrou, serviu tudo e todos e teve sempre uma atenção para as estruturas do partido, procurando ajudar a resolver "problemas concretos de pessoas concretas", como ele bem gosta de dizer.
Falo de Nuno Morais Sarmento. O PSD precisa de mais homens grandes, livres e consistentes como ele. Tem alguns e o Nuno Morais Sarmento figura nessa galeria restrita.
Eu tinha de o dizer. Ninguém o pediu, ninguém o encomendou. Mas quero sublinhar o perfil, a personalidade, o carácter e a estatura de quem, para mim, mais se afirmou ao longo destes três anos como pilar essencial das boas causas da governação.
Lá terá os seus defeitos. Ainda bem.
Respeito a sua vontade de sair e dar o lugar a outros mais novos. Respeito-a e entendo o seu raciocínio.
No dia em que ele quiser regressar - e se isso acontecer - terei prazer em estar a seu lado.
Foi, é e será ainda muito importante para Portugal.

Dar de nós!

Dois dias após as eleições, é tempo de, com mais serenidade, olhar para o futuro.
A esta mesma hora, a Comissão Permanente do PSD está reunida na S. Caetano à Lapa. Logo após, reúne-se a Comissão Política.
Pode ser que o bom senso impere ainda.
É chegada a hora de agirmos, em vez de reagirmos.
Como ontem disse, o próximo Congresso do PSD tem de ser electivo. Se as cúpulas quiserem decidir que será apenas para discutir tricas internas, devemos fazer um esforço de recolha de assinaturas, verdadeiramente nacional, para que seja incluído na Ordem de Trabalhos um ponto para eleição dos órgãos nacionais. O PSD é nosso, de todos os militantes e somos nós, em conjunto, quem manda. Alguém tem dúvidas? Eu não!
No dia 20, anunciou-se um fim de ciclo. Alguns companheiros do meu partido entenderam afastar-se, dando o lugar a outros. Imperou aí o bom senso. Mas há quem pense que ainda pode ficar agarrado à máquina do poder interno, uma máquina eivada de vícios e truques, uma máquina que projecta mal as ideias do partido para o exterior, uma máquina que não se preocupa em alargar bases de apoio, uma máquina eficiente nã eliminação de quaisquer interferências, mesmo saudáveis, alheias à vontade do Rei e dos Cortesãos. Uma máquina que, para o exterior, para onde tem que valer, não vale ou vale pouco mais que nada.
Alguns dirigentes nacionais que conheço fazem-me lembrar os eucaliptos na floresta. Nascem frágeis e ondulantes ao vento. Foram protegidos e amparados para poderem crescer sem doenças. Alguns eucaliptos desses são abatidos pelo caminho, para transformação industrial. Porém, por vezes, alguns conseguem ganhar raízes fortes e fundas e aí é um tremendo problema, porque as raízes escondidas no sub-solo são cada vez mais largas e longínquas e o eucalipto começa a secar toda a floresta em redor. Há casos em que nem a vegetação rasteira se consegue dar bem ao seu lado.
Essa é a fase mais difícil, mas também a mais apetitosa. É que o eucalipto subiu muito alto, tem ramos frondosos, raízes demasiado grandes escondidas naqueles locais onde a vista não alcança, um corpo viçoso e forte. Vê-se que respira saúde e que está bem com a vida. Não consegue deixar de ser visto, apreciado a até invejado. Nada a objectar, é próprio da natureza dos eucaliptos.
Mas, então, e o resto da floresta, tem mesmo de secar só para que aquele eucalipto sobressaia?
O que fez ele para merecer estar assim? Trabalhou alguma vez na vida? Estudou? Pensou? Qual a sua carreira? Perguntas de retórica...
Não! Limitou-se a existir e foi-se aproveitando da menor força ou até da menor concentração das espécies em seu redor. A seu lado, as outras espécies estavam de boa fé, não pensando que teriam que tombar para que o eucalipto continuasse a crescer.
A dada altura, o seu porte é excessivo. E, para salvar a floresta e proporcionar a reflorestação, o eucalipto tem de ser abatido. E, com pena até, temos de escavar bem fundo, para nos certificarmos de que as suas raízes são igualmente removidas ou liquidadas. Bem sei que custa, mas é a escolha entre a floresta ou a árvore.
Fui até à mata tentar compreender este meu raciocínio. E consegui encontrar-me em sintonia com as árvores com quem conversei. Naquele local puro, no concelho de Sardoal, lugar da Venda, ainda há árvores puras, que desconhecem que, noutros locais, há árvores que, mesmo não lhes querendo mal, se puderem não negam poder fazê-las secar para poderem crescer. São inocentes e não querem entrar no esquema do "jogo da selva".
Verifiquei que ali as árvores crescem todas ao mesmo tempo. Umas são mais altas, outras mais esguias, outras mais corpulentas e outras ainda mais largas, mas todas se respeitam e sabem conservar a distância entre si, vendo-se crescer mutuamente. O seu perigo é o fogo mas, entre si, respeitam-se, toleram-se e entreajudam-se.
Mas o fogo, esse elemento devastador, elas não controlam. Esse é fruto da acção do Homem, algo que elas podem considerar agente agressor da natureza. Se ao menos pudessem fugir...
Aqui estou eu, estático, ao lado das árvores. Mas posso sempre mover-me se precisar. As árvores não.

É tempo de agir! É tempo de darmos de nós. Porque eu acredito que é possível mudarmos de atitude e de postura, enquanto partido de poder. Respeitando os outros, preocupados com a vida dos outros, com o seu bem-estar, com a sua felicidade.
Com a competitividade das pessoas, das organizações e das pessoas. Com o seu desenvolvimento pessoal e social, numa base de reforço de competências de cidadania, transversais à comunidade. Conferindo novas competências e novas ferramentas de desempenho aos cidadãos, apostando na motivação, no talento, na mensagem de que a excelência é um caminho e pode ser um objectivo.
Chega de arrogância, de soberba e de novo-riquismo na política feita pelo PSD. Podemos ser mais autênticos e mais humanos. Tolerando a existência e a opinião dos outros, aceitando a crítica frontal, ainda que adversa, acolhendo os que são diferentes de nós mas querem juntar-se para ajudarem a construir.
É tempo de nos sentirmos inquietos e essa mesma inquietude nos conduzir para estados da libertação da alma e de estímulo à acção construtiva, mais do que para sentimentos depressivos e de angústia.
Ninguém fará por nós aquilo que só nós temos de fazer. Vamos a isso! Vamos dar de nós!

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Glória aos Vencedores!, Honra aos Vencidos?

O Engº José Sócrates é o novo "homem do leme".
É inquestionável.
Os eleitores têm sempre razão. Negá-lo é negar as virtudes da democracia.
Parabéns a todos os socialistas, militantes e simpatizantes.
Espero, sinceramente, que os próximos quatro (4! mesmo, para cumprir) de governação sejam bons para Portugal.
Há muito para esclarecer e muito mais para fazer. Vêm aí tempos que não se avizinham fáceis ou afáveis. É preciso saber quem vão ser os rostos e quais as políticas prioritárias de intervenção. Temos que esperar para ver como se criam os milhares de empregos, se aumenta o valor das pensões, se faz um choque tecnológico, tudo isto, com a manutenção da política fiscal. Ok!, já sei que os PPR's e os PPH's e afins já não regressarão com os seus benefícios fiscais, contrariando as posições do próprio Engº Sócrates aquando da votação do OE 2005. Mas, manter a política fiscal, se significa não diminuir impostos, também deve significar não aumentar impostos. Será?
O PS, com a sua maioria absoluta, poderá governar como entender. Mas o PS não pode falhar porque o falhanço do Governo Sócrates será o falhanço de Portugal. Quero ter orgulho no meu país. Preferia que fosse o meu partido a empreender as reformas de que Portugal está necessitado, mas já coloco essa questão para segundo plano: os portugueses decidiram e agora só importa que Portugal consiga sobreviver a esta "banho de esquerdização". Não formulo votos de dúvida. Faço apenas um voto de sucesso, pela positiva.
Atenção ao BE que, de aliado na luta contra a direita, depressa começará a tentar a sua rota de crescimento pela esquerda. Sócrates não poderá contar com tréguas e não há lugar a "estado de graça". Quanto maior a crise e a ansiedade colectiva, menor o tempo de estado de graça que é concedido aos governos.
Para o meu partido, a leitura é clara: é preciso mudar. Mudar tudo! Mudar de líder, mudar de equipa que envolve o líder - todos os líderes, desde a saída do Professor Cavaco Silva. É impressionante como a corte é sempre a mesma e só mudamos de rei. É tempo de mudar. Dar o lugar - mesmo! - a outros. E também é preciso mudar de atitude.
Os "cortesãos" não estarão, provavelmente, preparados para ceder a vez. O PSD poderá entrar em convulsões internas sérias, a curto prazo. Desejo que isso não suceda e que tudo possa decorrer com serenidade e com tranquilidade.
O próximo Congresso não pode ser apenas para discutir o que correu mal, encontrar culpas e culpados e sairmos dali sem que nada mude. O próximo Congresso do PSD tem de ser electivo. Bater-me-ei para que assim seja, sob pena de o mesmo se antever, desde já, uma fraude. Quem não tem medo vai a votos. Em eleições directas, até, causa tantas vezes defendida para assustar os "cortesãos" de então, hoje maioritariamente ao lado do líder.
No distrito de Santarém, o resultado é igualmente mau. O PSD do distrito tem que reflectir e decidir sobre o seu futuro. Por mim, será um futuro de mudança, em que tudo tem de ser discutido. Só assim entendo a política. Espero a convocação imediata de uma Assembleia Distrital. Em Abrantes, já marcámos a nossa, para o dia 18 de Março. Fizemo-lo antes do dia 20 de Fevereiro, fosse qual fosse o resultado.
Em Abrantes, o resultado foi igualmente mau para o PSD. Um voto de protesto de pessoas descontentes com a situação nacional. Que me lembre, foi esta a primeira vez que um líder do PSD, em pré-campanha ou em campanha, não visitou o concelho de Abrantes, em diálogo com os abrantinos. Perante as frequentes e recorrentes visitas de Ministros e secretários de Estado nos últimos meses, em actos públicos de apoio à Câmara Municipal de Abrantes e até de elogio à obra feita, creio que estará encontrado o essencial dos motivos pelos quais o resultado foi francamente baixo. Não serão motivos exclusivos mas não deixam de ser importantes.
Quero, porém, separar eleições legislativas de eleições autárquicas. São actos distintos e os eleitores, numa democracia cada vez mais madura e mais esclarecida - como é a democracia portuguesa - sabem distinguir as eleições. Há um voto ideológico mas há igualmente um voto que pende para o lado da melhor opção do momento.
O que afirmo é verdade em Abrantes e noutros pontos do distrito. Não acreditam? Deixem-me demonstrar o meu raciocínio.
Em Alcanena, o PS obteve 41,25% dos votos. Porém, a Câmara é liderada por um independente, ex-autarca do mesmo PS.
Na Chamusca, concelho onde Sérgio Carrinho é presidente eleito pela CDU há décadas, o PS obteve 55,40% dos votos e a CDU apenas 15,04%.
Mais ambígua ainda é a situação em Constância. Alguém duvida que António Mendes se prepara para revalidar a sua maioria absoluta? A julgar pelo resultado da CDU (10,33%), em contraponto com o do PS (59,57%) poderemos pensar o contrário. Aposto que não. Acredito que o PS de Constância não irá vencer as eleições autárquicas.
E poderia continuar com mais exemplos, como Mação, Sardoal ou Salvaterra de Magos, por exemplo, onde o Bloco de Esquerda lidera a autarquia e agora teve apenas 8,57% contra os 54,45% do PS.
Creio que os eleitores sabem separar umas eleições de outras.
Espero que assim seja, também, em Abrantes. Um concelho que reclama e precisa de mudança.
Creio que a mensagem do PSD, associada ao voto de protesto no PS, que começa a ser cada vez mais forte, vai ser um forte agente de mudança, porque será uma alavanca forte para a ruptura e para o surgimento de um novo ciclo de desenvolvimento e modernidade no concelho.
Isso não significa - pelo contrário - que eu não possa e não deva reflectir, em conjunto com os militantes da minha concelhia e, desse modo, ajudar o meu partido a reflectir sobre os erros cometidos. Empenhar-me-ei em contribuir para uma mudança de liderança, pelo afastamento dos "cortesãos" e pela mudança de atitude no PSD. É isso, precisamente isso, que tem de ser concebido como fim de ciclo. Não se pode finar um ciclo mantendo as mesmas pessoas e as mesmas atitudes. Isso eu não consigo entender.
O trabalho que aí vem, para o PSD de Abrantes, vai ser árduo e longo. Temos feito tudo para assumirmos uma posição de diferença, de defesa dos interesses dos nossos concidadãos, de mostrarmos que outro caminho é possível.
Vamos intensificar o nosso esforço. Vamos iniciar um período de conclusão de listas de candidatos. Vamos começar a divulgar medidas que consideramos essenciais para os próximos anos em Abrantes. Vamos estreitar a nossa ligação e reforçar a comunicação com os munícipes.
Vamos fazer tudo isso, com humildade e simplicidade. Explicando as nossas posições e sublinhado os aspectos onde somos diferentes face ao PS de Abrantes.
Vamos fazer tudo isso, igualmente, com total entrega e dedicação.
Vamos fazer tudo isso com alegria. Porque somos assim, genuínos, descomplexados e teimosamente persistentes.
O nosso projecto é útil ao concelho, a todos os estratos sociais, a todas as classes profissionais, a todas as faixas etárias.
Contamos com uma mole de jovens de elevada qualidade e grande entrega ao projecto social-democrata. Já transmiti à JSD de Abrantes que não foi por sua causa que o resultado foi negativo. Foram e são inexcedíveis e excelentes trabalhadores.
Amanhã à noite, a comissão política do PSD de Abrantes volta ao trabalho autárquico, que foi mais ou menos interrompido por causa das eleições legislativas. Reuniremos para analisar os resultados eleitorais e para preparar a Assembleia Municipal de sexta-feira e próximas iniciativas do partido.
Queremos o melhor para Portugal e, igualmente, o melhor para o concelho de Abrantes.
Para nós, as eleições autárquicas já começaram. A todo o vapor!

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Visitas

O (ainda) Presidente da Câmara Municipal de Abrantes resolveu promover uma visita às obras do concelho. Tudo bem, nada a dizer, porque se trata de um acto de gestão normal e corrente de quem quer promover e valorizar aquilo que fez. À falta de melhor, uma visita é sempre benvinda.
Visitou a cidade e as freguesias mais urbanas. Nada mostrou de Fontes, Souto, Carvalhal, Aldeia do Mato, Martinchel, Rio de Moinhos, Mouriscas, S. Miguel do Rio Torto, Bemposta, S. facundo, Vale das Mós, Concavada ou Alvega. Nicles!
Visitou pela centésima vez o Aquapólis (zona norte) e as oportunidades de negócio que diz existirem. Nesse acto, ele e a sua comitiva devem ter sido os únicos cidadãos a circular por aquele espaço, normalmente deserto, pelo modo como foi concebido.
Visitou pela bi-centésima vez o Tecnopolo e as poucas empresas em fase de instalação no Parque Industrial. Não vai ser pelo estímulo à actividade económica que este Presidente de Câmara nos vai deixar saudades.
Enfim, à falta de coisa nova fala-se do vazio realizado. Vazio no sentido da atractividade que os investimentos revestem para o público, empresas e particulares, investidores e turistas, visitantes e moradores.
Pudera! O que importa é esbanjar, nem que seja num campo de Basebol. E depois é fácil pedir 1.500 euros pela venda de um coval no cemitério. Sim! 300 contos, aprovados com o apoio do PS na Câmara e na Assembleia (excepto o Presidente da Junta de S. João) e com o apoio da CDU. Só o PSD se manifestou contra na Câmara Municipal e na Assembleia Municipal. É uma ofensa a todos os que fazem o culto dos seus familiares falecidos. Sim, aqueles cujos pais, irmãos, filhos e demais família se encontram sepultados em Abrantes. Porque há quem os tenha longe daqui, nas suas terras de origem e, por isso, não precisam de pagar cá. Mas não se coibem de pedir aos de cá!
Mas o mais engraçado foi terem misturado nas obras promovidas pela autarquia a empresa Silicália. Não me recordo de encontrar nas contas da CMA nenhuma participação social na empresa localizada no Pego e de fabrico de aglomerados de pedra. Não está em causa a natureza e o volume do investimento.
Estão em causa duas coisas:
Primeiro, trata-se de um investimento privado e não promovido pela autarquia abrantina.
Segundo, é o único que podem mostrar. É isso, a confissão do fracasso da política de desenvolvimento económico desta maioria impossibilita-os de poderem mostrar mais.
Uma nota final para a visita a Tramagal: tinha ficado com a impressão que o compromisso do PS com Tramagal falava em passeios até ao Crucifixo. Afinal, não!, são apenas e só em Tramagal e até ao limite do cruzamento para o cemitério. A ser assim, estaremos em presença de uma quebra de compromisso eleitoral assumodo perante mais de 4 mil concidadãos. O que dirão estes? Que a maioria está servida. Pois é, é sempre esse o eterno problema do PS. Governa com o pensamento do resultado eleitoral seguinte, satisfaz a maioria dos votos mas não se importa de sacrificar as minorias que, sendo minorias e menos afortunadas em recursos, serão cada vez mais marginalizadas e esquecidas.
Realidades...
...das visitas!

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

António Colaço

Obrigado, António!
Foste rápido, conciso e razoavelmente explícito. Para princípio de discussão, é óptimo.
Também te fica bem defender a "tua dama" (nos tempos que correm é preciso, além de aspas, explicar que não se pretende insinuar nada sobre a vida de ninguém).
Há, porém, uma questão que talvez não estejas a compreender. Já lá iremos...
É verdade que tu és um dedicado empreendedor e um homem que "sabe o que custa a vida". E, talvez por isso, abominas a soberba e o olhar que entendes sobranceiro dos teus adversários.
Como eu te compreendo e como estamos, aí, em perfeita sintonia.
É claro que os eleitores são quem decide e a quem compete a tarefa de decidir qual ou quais os projectos alternativos que seleccionam, através do voto. Não há quem se possa arvorar de ser detentor de verdades absolutas. Há, isso sim, convicções e causas e o modo como as transmitimos e geramos nos outros o sinal de sermos capazes de as levar à prática é que conta. Abominas, por isso, também todos os que acham que são únicos detentores da verdade e se tornam arrogantes. Não acredito que recorras a sofismas e, por isso, aceito a veracidade genuína do que afirmas. De resto, não acredito que possa existir a "verdade toda" e, muito menos, a verdade a qualquer preço. É uma busca incessante, sabendo nós que o ponto de chegada é, muito provavelmente, o infinito.
Como eu te compreendo e como estamos, aí, novamente em perfeita sintonia.
Não conheço pessoalmente o "teu" candidato e até acredito que possa estar com o melhor dos ensejos e as mais virtuosas intenções. Não me cabe a mim decidir. O meu pulsar está, naturalmente, toldado pelo conhecimento pessoal que tenho do José Saldanha Rocha, o meu amigo Mané. Que admiro e de quem gosto, apesar de ter - como todos temos e ainda bem que tem! - defeitos. Mas sei que é empenhado, competente, diligente e que diz aquilo que tem de ser dito, mesmo que cause engulhos às estruturas dirigentes do PSD no distrito e no país. Tenho com ele uma divergência sobre a A23 mas isso não me afasta, no geral, das posições que ambos comungamos sobre a vida e sobre o que queremos, cada um, para o nosso concelho e para as pessoas que queremos servir.
Mas, finalmente, vamos ao pormenor que penso não estejas a compreender bem. É que o Saldanha Rocha não tem que entrar em debate contigo. Tem que debater com o candidato do PS, quando ele surgir e quando esse debate for necessário.
De resto, creio ser eu o único dos candidatos até aqui assumidos por qualquer força partidária da nossa região (Abrantes, Sardoal, Mação, Constância, Vila de Rei, Gavião e mais alguns) a ter um blog actualizado diariamente (ou quase) com reflexões, com debate, com esforço de entendimento do mundo que nos envolve, seguramente formatado pelas concepções (os preconceitos) doutrinárias que adoptei e com as quais me identifico mas sempre procurando fazer reflexão, crítica e auto-crítica.
Não vês o meu adversário socialista de Abrantes a debater comigo. Nem tão-pouco sei quem é e desconheço se o PS de Abrantes sabe quem será. Isso não me importa agora. Cada um fará o seu trabalho o melhor que conseguir.
Em Mação, o PS já tem candidato. E o José Fernandes Martins (que não conheço pessoalmente - embora tenha estado com ele uma vez nos Paços do Concelho de Mação - mas que me dizem ser bom homem) pode afirmar-se, dia a dia, ou semana a semana, dando-se a conhecer ainda mais e, desse modo, divulgar a visão que tem para o seu concelho: com sustentabilidade ou sem ela, com mais ou menos justiça social, com mais ou menos apoio à actividade empresarial, com mais ou menos enfoque no abastencimento de água, no tratamento dos resíduos, no saneamento, nas actividades culturais, nas acessibilidades, nas energias renováveis, com mais ou menos e-conhecimento, formação, investigação, segurança, saúde ou ensino, entre vários vectores de actuação.
Por fim, uma nota para os dicursos circunstanciais dos presidentes. Tu dizes que o Saldanha faz o discurso de uma oposição ao Governo, sendo do partido que governa o país. E isso é, aparentemente, mau!
Em Abrantes, a julgar pelo último comunicado do PS, faz-se o discurso da colagem à situação, sendo o regime local adversário do partido que governa o país. Em resultado, o PS tenta explorar inexistentes clivagens entre o PSD local e o PSD nacional. E isso é, aparentemente, bom?
Como eu te compreendo e como estamos, aí, mais uma vez em perfeita sintonia.
Embora em campos opostos. Ou como as perspectivas nos podem fazer aproximar ainda que partindo de campos distintos.

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Vitalidade partidária

Afinal, descobri ontem que o PS existe em Abrantes.
Depois de eu e o meu companheiro João Miguel Salvador termos efectuado uma declaração de voto explicitando porque razão não poderíamos votar a favor de uma alteração ao plano plurianual de investimentos e orçamento para 2005, bem como ao lançamento do concurso público para a construção de um campo de basebol em Abrantes, o PS, ao cabo de 3 anos de coma profundo e de um silêncio ensurdecedor, surgiu com um comunicado político.
Está bem, fizeram uma conferência de imprensa há uns dois meses, mas a capacidade de intervenção tem estado sempre por conta do autarca Nelson Carvalho.
O que quer dizer esta separação entre PS-partido e PS-presidente da Câmara?
Que sinais nos querem transmitir?
Não importa muito. Importam mais as ideias, as razões pelas quais os eleitos pelo PSD assumiram a posição que assumiram. É isso que queremos explicar aos nossos munícipes.
O PSD não votou contra um equipamento desportivo. Votou a favor do conceito de desenvolvimento sustentável, que assenta em três dimensões: económica, social e ambiental.
Votámos a favor da intensificação da vertente energética, de apoio às energias renováveis.
Para nós, preterir uma aposta como é o Projecto «Biogás/Verca», inserido na lógica da aposta nas energias renováveis e no respeito pelo conceito de Desenvolvimento Sustentável, tal como proferido em 1994 no Relatório Bruntland e várias vezes sublinhado por consecutivas cimeiras europeias, para além de se tratar de um caminho que deveria ser inequivocamente percorrido e que até a “ENDS – Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável 2005-2015” defende, por troca com a construção de um campo de basebol, gerador de mais despesa corrente e numa modalidade sem tradição e sem praticante no concelho, é um absurdo político e um erro crasso.
Discutimos ideias. Achamos errado este caminho e este modelo, não temos receio de o dizer e assinar por baixo. Nada nos move contra ninguém, contra a personalidade e a vida individual dos nossos adversários.
O que importa é encontrar caminhos, definir metas, escolher medidas, contrapor com programas, formatados pela doutrina programática dos espaços em que cada um age e interage com a comunidade mas, sempre, com a noção de existirmos para servir e criar condições de futuro para quem nos propomos servir e defender.
Ao contrário, o PS de Abrantes, no seu comunidado, parece apostar na "fuga para a frente". Por isso, o seu comunicado termina com o seu tradicional apelo a que o concelho mereça "uma oposição melhor, mais responsável e mais esclarecida".
Nada acrescenta ao debate, nesta parte. A oposição agradece os mimos mas, uma vez mais, recusa-se a responder à letra, a descer o nível do debate.
Nunca nos foi solicitada qualquer intervenção no processo Verca. Tal como noutros assuntos, como o recente Centro Tecnológico Agroalimentar, nada nos foi dito. Surgiram convites, houve uma apresentação, se calhar compromissos assumidos mas ninguém nos convidou a estar presentes e a contribuir com ideias e sugestões.Tem sido sempre assim: sectarismo, jacobinismo, segregação dos oponentes só porque não são do mesmo partido. Apesar de todos sermos de Abrantes e de todos querermos - pelo menos eu quero e o meu partido também, de modo inequívoco - o melhor para Abrantes. O melhor não é propriedade de ninguém: é, outrossim, o resultado da escolha popular efectuada sobre modelos de desenvolvimento distintos, apresentados por partidos, todos igualmente legítimos e actuantes sobre a comunidade.
No PSD, gostamos individual (cada um de per si) e colectivamente (todos juntos, enquanto grupo organizado que comunga de afinidades políticas, ideológicas, doutrinárias e até de estilos de vida e afinidades pessoais) de nós próprios o suficiente para nos sentirmos confiantes e preparados. Os eleitores é que terão que pronunciar-se sobre a nossa capacidade. Fica mal a um partido que se afirma de regime, de sistema democrático, arvorar-se no direito de pensar que é único e que do seu ventre são paridas as únicas ideias boas. Os partidos que se sentem únicos e os dirigentes que assim pensam, mesmo sem o afirmarem e para além de se tornarem uns valentes chatos monolíticos e cinzentistas, traduzem uma cultura pouco tolerante à diferença de opiniões e pouco, muito pouco democrática. Essas posições de "nós, os iluminados" em contraponto aos "outros, os atrasados" costuma evidenciar laivos de autoritarismo e de arrogância que os eleitoes fazem questão de sopesar no momento da decisão.
Por isso, podem persistir nessa estratégia, achando eu, pessoalmente, que se trata de um erro. Mas tudo bem, afinal todos os seres humanos têm direito a errar e a enganar-se.
Nós, por cá, iremos continuar a privilegiar o debate e a visão de modelos distintos e alternativos de chegarmos ao objectivo maior que é o do crescimento económico sustentado, no aumento da importância de Abrantes pelo seu percurso, pelos seus factores positivos, pela energia das suas gentes, conduzidas de modo diverso do que tem sido feito nos últimos anos, olhando mais para o que faz, de facto, falta em contraponto ao que tende a sobrelevar o efémero e o fogo de artifício eleitoral mas não contribui realmente para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Não há almoços grátis, dizem-me. Pois não. No fundo, alguém tem de pagar e se a economia (mesmo a local) não produz mais riqueza ou se não há mais gente na economia e se os custos forem fixos ou crescentes (como tem sucedido com a gestão do PS), cada vez menos gente tem de pagar uma factura cada vez mais elevada para sustentar as despesas geradas com o modelo errado que tem vindo a ser implementado pelo PS. Parece simples e linear? É mesmo assim: simples e linear.
Dar peixe ou ensinar a pescar? Seguramente, a segunda via é sempre preferível.
NOTA: António, aguardo a tua resposta para podermos ir à tréplica e por aí fora. Bute lá...

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Ânimo

Desculpa lá, António, roubar-te o lema e o tema.
Há dias assim, em que somos forçados a procurar ânimo, força, alento, mesmo quando nem tudo está bem.
Pensamento positivo. Tudo vai correr melhor. Ainda melhor.
Abro o teu blog e verifico que a mensagem que te enviei está on-line. Obrigado.
Este espaço, como tu dizias desde que aderiste à Blogoesfera é, de facto, muito interessante. E pode ser gratificante. Há quem nos leia, quem concorde e quem discorde mas, que diabo, nem toda a gente tem que nos enviar comentários ou notas!?!...
Claro que uma discussão, uma boa discussão, daquelas que resultam com substância e conteúdo no final, daquelas que se pode dizer que nos enriquecem e acrescentam valor, são importantes.
Afinal de contas, é fácil estabelecer contacto e empatia na blogoesfera. É fácil, se quisermos, fazer deste meio um verdadeiro ponto de confluência, dado a teorias, práticas, histórias, estórias, confabulações, conspirações, declarações ou simples expressão exterior do conhecimento e do pensamento individual e/ou colectivo.
O meu blog, o seu conteúdo, já é parte activa das reuniões da Câmara Municipal de Abrantes. Pelo menos assim foi ontem, por causa dos textos "dúvidas" e "certezas". Suscitei reacções. Obtive réplica.
Ganhei a aposta.