Pedro Marques

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Glória aos Vencedores!, Honra aos Vencidos?

O Engº José Sócrates é o novo "homem do leme".
É inquestionável.
Os eleitores têm sempre razão. Negá-lo é negar as virtudes da democracia.
Parabéns a todos os socialistas, militantes e simpatizantes.
Espero, sinceramente, que os próximos quatro (4! mesmo, para cumprir) de governação sejam bons para Portugal.
Há muito para esclarecer e muito mais para fazer. Vêm aí tempos que não se avizinham fáceis ou afáveis. É preciso saber quem vão ser os rostos e quais as políticas prioritárias de intervenção. Temos que esperar para ver como se criam os milhares de empregos, se aumenta o valor das pensões, se faz um choque tecnológico, tudo isto, com a manutenção da política fiscal. Ok!, já sei que os PPR's e os PPH's e afins já não regressarão com os seus benefícios fiscais, contrariando as posições do próprio Engº Sócrates aquando da votação do OE 2005. Mas, manter a política fiscal, se significa não diminuir impostos, também deve significar não aumentar impostos. Será?
O PS, com a sua maioria absoluta, poderá governar como entender. Mas o PS não pode falhar porque o falhanço do Governo Sócrates será o falhanço de Portugal. Quero ter orgulho no meu país. Preferia que fosse o meu partido a empreender as reformas de que Portugal está necessitado, mas já coloco essa questão para segundo plano: os portugueses decidiram e agora só importa que Portugal consiga sobreviver a esta "banho de esquerdização". Não formulo votos de dúvida. Faço apenas um voto de sucesso, pela positiva.
Atenção ao BE que, de aliado na luta contra a direita, depressa começará a tentar a sua rota de crescimento pela esquerda. Sócrates não poderá contar com tréguas e não há lugar a "estado de graça". Quanto maior a crise e a ansiedade colectiva, menor o tempo de estado de graça que é concedido aos governos.
Para o meu partido, a leitura é clara: é preciso mudar. Mudar tudo! Mudar de líder, mudar de equipa que envolve o líder - todos os líderes, desde a saída do Professor Cavaco Silva. É impressionante como a corte é sempre a mesma e só mudamos de rei. É tempo de mudar. Dar o lugar - mesmo! - a outros. E também é preciso mudar de atitude.
Os "cortesãos" não estarão, provavelmente, preparados para ceder a vez. O PSD poderá entrar em convulsões internas sérias, a curto prazo. Desejo que isso não suceda e que tudo possa decorrer com serenidade e com tranquilidade.
O próximo Congresso não pode ser apenas para discutir o que correu mal, encontrar culpas e culpados e sairmos dali sem que nada mude. O próximo Congresso do PSD tem de ser electivo. Bater-me-ei para que assim seja, sob pena de o mesmo se antever, desde já, uma fraude. Quem não tem medo vai a votos. Em eleições directas, até, causa tantas vezes defendida para assustar os "cortesãos" de então, hoje maioritariamente ao lado do líder.
No distrito de Santarém, o resultado é igualmente mau. O PSD do distrito tem que reflectir e decidir sobre o seu futuro. Por mim, será um futuro de mudança, em que tudo tem de ser discutido. Só assim entendo a política. Espero a convocação imediata de uma Assembleia Distrital. Em Abrantes, já marcámos a nossa, para o dia 18 de Março. Fizemo-lo antes do dia 20 de Fevereiro, fosse qual fosse o resultado.
Em Abrantes, o resultado foi igualmente mau para o PSD. Um voto de protesto de pessoas descontentes com a situação nacional. Que me lembre, foi esta a primeira vez que um líder do PSD, em pré-campanha ou em campanha, não visitou o concelho de Abrantes, em diálogo com os abrantinos. Perante as frequentes e recorrentes visitas de Ministros e secretários de Estado nos últimos meses, em actos públicos de apoio à Câmara Municipal de Abrantes e até de elogio à obra feita, creio que estará encontrado o essencial dos motivos pelos quais o resultado foi francamente baixo. Não serão motivos exclusivos mas não deixam de ser importantes.
Quero, porém, separar eleições legislativas de eleições autárquicas. São actos distintos e os eleitores, numa democracia cada vez mais madura e mais esclarecida - como é a democracia portuguesa - sabem distinguir as eleições. Há um voto ideológico mas há igualmente um voto que pende para o lado da melhor opção do momento.
O que afirmo é verdade em Abrantes e noutros pontos do distrito. Não acreditam? Deixem-me demonstrar o meu raciocínio.
Em Alcanena, o PS obteve 41,25% dos votos. Porém, a Câmara é liderada por um independente, ex-autarca do mesmo PS.
Na Chamusca, concelho onde Sérgio Carrinho é presidente eleito pela CDU há décadas, o PS obteve 55,40% dos votos e a CDU apenas 15,04%.
Mais ambígua ainda é a situação em Constância. Alguém duvida que António Mendes se prepara para revalidar a sua maioria absoluta? A julgar pelo resultado da CDU (10,33%), em contraponto com o do PS (59,57%) poderemos pensar o contrário. Aposto que não. Acredito que o PS de Constância não irá vencer as eleições autárquicas.
E poderia continuar com mais exemplos, como Mação, Sardoal ou Salvaterra de Magos, por exemplo, onde o Bloco de Esquerda lidera a autarquia e agora teve apenas 8,57% contra os 54,45% do PS.
Creio que os eleitores sabem separar umas eleições de outras.
Espero que assim seja, também, em Abrantes. Um concelho que reclama e precisa de mudança.
Creio que a mensagem do PSD, associada ao voto de protesto no PS, que começa a ser cada vez mais forte, vai ser um forte agente de mudança, porque será uma alavanca forte para a ruptura e para o surgimento de um novo ciclo de desenvolvimento e modernidade no concelho.
Isso não significa - pelo contrário - que eu não possa e não deva reflectir, em conjunto com os militantes da minha concelhia e, desse modo, ajudar o meu partido a reflectir sobre os erros cometidos. Empenhar-me-ei em contribuir para uma mudança de liderança, pelo afastamento dos "cortesãos" e pela mudança de atitude no PSD. É isso, precisamente isso, que tem de ser concebido como fim de ciclo. Não se pode finar um ciclo mantendo as mesmas pessoas e as mesmas atitudes. Isso eu não consigo entender.
O trabalho que aí vem, para o PSD de Abrantes, vai ser árduo e longo. Temos feito tudo para assumirmos uma posição de diferença, de defesa dos interesses dos nossos concidadãos, de mostrarmos que outro caminho é possível.
Vamos intensificar o nosso esforço. Vamos iniciar um período de conclusão de listas de candidatos. Vamos começar a divulgar medidas que consideramos essenciais para os próximos anos em Abrantes. Vamos estreitar a nossa ligação e reforçar a comunicação com os munícipes.
Vamos fazer tudo isso, com humildade e simplicidade. Explicando as nossas posições e sublinhado os aspectos onde somos diferentes face ao PS de Abrantes.
Vamos fazer tudo isso, igualmente, com total entrega e dedicação.
Vamos fazer tudo isso com alegria. Porque somos assim, genuínos, descomplexados e teimosamente persistentes.
O nosso projecto é útil ao concelho, a todos os estratos sociais, a todas as classes profissionais, a todas as faixas etárias.
Contamos com uma mole de jovens de elevada qualidade e grande entrega ao projecto social-democrata. Já transmiti à JSD de Abrantes que não foi por sua causa que o resultado foi negativo. Foram e são inexcedíveis e excelentes trabalhadores.
Amanhã à noite, a comissão política do PSD de Abrantes volta ao trabalho autárquico, que foi mais ou menos interrompido por causa das eleições legislativas. Reuniremos para analisar os resultados eleitorais e para preparar a Assembleia Municipal de sexta-feira e próximas iniciativas do partido.
Queremos o melhor para Portugal e, igualmente, o melhor para o concelho de Abrantes.
Para nós, as eleições autárquicas já começaram. A todo o vapor!

1 Comments:

  • At 12:54 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    O PSD, da Nacional à Distrital, passando pelas concelhias, tem de sofrer a mutamorfose geracional, caso contrário nunca mais será capaz de prestar um bom serviço ao País.

     

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